É possível ganhar um jogo em que o adversário não segue as regras?


Qualquer que seja a modalidade esportiva e suas regras específicas, existe uma ideia universal, equivalente a uma regra de moralidade, utilizada para resolver problemas não determinados: essa regra é o fair play.

O fair play é uma espécie de boa vontade – o tal do “espírito esportivo” – oposto ao antijogo. Seja no boxe ou no basquete, nas brincadeiras ou nos jogos oficiais, com a presença de juízes, todos admitem o mesmo princípio e prezam pela mesma virtude, de respeito ao jogo, evitando o “ganhar a qualquer custo”.

No código de ética da Fifa (Federação Internacional de Futebol), o fair play é uma regra de ouro e sua falta quebra o espírito de fraternidade que une quem admira o esporte. Um caso emblemático é o da Copa de 1986, em que Maradona protagonizou o que ficou conhecido como “La mano de Dios”, inflamando a discussão sobre mão na bola x bola na mão. Mas se um gol de mão está longe de ser considerado justo, também é claro que existem situações, como as de falta, necessárias ou inevitáveis.

Essa preocupação com a justiça no jogo tem uma razão de ser: oferecer condições e garantias para que os apostadores possam investir no jogo.

Na Economia e no Direito, essa previsibilidade também é primordial. Quando as regras não são claras, mudam de acordo com as circunstâncias ou em benefício de alguém ou um grupo social em detrimento de outro, compromete o princípio de fair play. No Brasil, o agir dentro da regra, mesmo violando a noção de jogo limpo, criou o “jeitinho brasileiro”.

A face negativa desse cacoete todos nós conhecemos. Ele cria regras particulares e diferencia o que deveria ser uma regra aplicável a todos, alimentando uma cultura de desigualdade, que compromete nosso desenvolvimento econômico e põe em xeque o princípio da legalidade. Portanto, não se deve, açodadamente, criticar aqueles que agem para estabelecer justiça, mas antes, identificar infratores que jogam fora das regras legais, ou delas abusam. Estes buscam benefícios próprios, em detrimento do interesse coletivo.

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