Ari Marques, executivo na Planned Soluções Empresariais. Mais de 40 anos de experiência em gestão de empresas.
Vivemos realmente novos tempos nas relações empresas x empregados. Sim, vou detalhar a frase, mas antes vamos voltar ao passado de nossos avós, pais e mesmo de alguns de nós.
O mercado de trabalho nos anos 50, 60 e até 70 tinha uma característica geográfica como forte componente. Naqueles tempos a maioria ia de casa para a empresa a pé ou de bicicleta. Mesmo aqueles que “tomavam condução” -como se dizia à época- gastavam menos de 10 minutos nesse trajeto. Era assim, por exemplo, nos tradicionais bairros paulistanos da Mooca, da Lapa, Pompeia, dentre tantos, e era assim também no cívico bairro do Ipiranga.
Os tempos mudaram, e muito, de forma que até 2019 devia dar-se por feliz o trabalhador que gastasse ao redor de 90 minutos pela manhã e outros tantos à tarde. Em muitos casos chegavam a consumir 150 minutos por trajeto. Isso foi se agravando a ponto de as empresas passarem a focar seu recrutamento em “moradores da região”. Duas razões embasam como pontos principais esta mudança de foco. Custos (gasto com VR) e desgaste do profissional que já chega estressado.
Chegamos agora aos tempos de pandemia e ao até então inusual home office. Empresas que eram avessas a adotar essa política, quase a totalidade, passaram a implementá-la. Lembro de ter ouvido de um professor brasileiro que dá aulas numa universidade de Israel que nessa instituição foram dois anos de discussão sobre a possibilidade do home office, inclusive a adoção do EAD. Seminários, projetos, grupos de estudo e nada caminhava. Lockdown e… em uma semana tudo funcionava à distância.
Recentemente, nos deparamos com dados que complementam essa tendência, pois o modelo híbrido (home office e atividade presencial) representou cerca de 70% da opinião dos trabalhadores brasileiros, segundo a consultoria de recrutamento Robert Half. As contratações também vão nesse sentido, ainda de acordo com a consultoria: cerca de 80% dos recrutamentos foram para 75% a 100% de vagas remotas.
Ao que tudo indica, o home office veio para ficar. Não é sem razão que um em cada cinco imóveis comerciais estão desalugados, segundo divulgado; reuniões presenciais são raríssimas; e, segundo matéria de imprensa, 80 % dos vendedores ouvidos adotaram o telefone. Isso mesmo, ligação telefônica para contatos, o que evita a enxurrada de e-mails e mensagens de WhatsApp dos dias atuais.
E é importante ainda salientar que já foi implementada uma série de medidas legais para regular essa relação entre empresa e funcionário que trabalha em casa.
As mudanças importantes nessa área, burocracia na gestão de pessoal, já se iniciou antes da pandemia. Adveio com a alteração na chamada Reforma Trabalhista. Há ali uma diversidade de formas de contratação, ou seja, a forma do vínculo empresa x empregado. Alteração da forma de concessão das férias em períodos é outra delas e há mais outras. Já na fase pandemia a adoção do home office, horas extras em home office, a redução de jornada, a redução de salários são exemplos de recentes e profundas alterações da relação entre as partes
Diante disso, pare e pense empresário ou executivo de gestão de pessoas: você está a par de todas elas? Será que sua empresa estaria correndo riscos de autuação?
Seguindo esse caminho, faz sentido manter a administração de pessoal dentro da empresa? Penso que não, pois, pelas razões que expus acima, e tantas outras que poderia citar, vale a pena buscar ajuda de profissionais que assumam estas tarefas. Profissionais que têm por base toda uma estrutura de acompanhamento de alterações legislativas.
BPO de administração de pessoal. Não conhece? Busque conhecer e entender as vantagens e a segurança que esta adoção pode trazer. De forma muito especial a pequenas e médias empresas para que não se exponham ao risco de autuação.
Novos velhos tempos. Voltaremos à época em que não se gastava tempo entre casa e trabalho.