Afirmar que o brasileiro é um empreendedor nato não é novidade. A constatação pode vir de pesquisas – a da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) concluiu, ainda em 2014, que um em cada três brasileiros opta, em algum momento da vida, pela abertura do próprio negócio; a da OnePoll, em 2019, que dois de cada três de nós gostaria de pedir demissão para empreender – ou de uma simples observação com os que estão à nossa volta.
De fato, o desejo de independência e de autonomia para tomar decisões, com possibilidade de crescimento profissional e de autorrealização é um atrativo e tanto. Ainda mais quando existe uma insatisfação com o trabalho realizado para terceiros e uma incerteza sobre empregabilidade depois dos 40 anos de idade.
Mas, se para nós, a motivação não é um problema, por que 25% das empresas abertas fecham antes de completar dois anos de existência? O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) atribui o desfecho à extrema burocratização e à dificuldade dos empreendedores em planejar e em executar ações de vendas, inclusive em meio digital.
O fato é que antes dessa discussão, é preciso travar outra: sobre os motivos que levaram o empreendedor a investir. Para mim, isso parece determinante – mais do que qualquer outra coisa – para o sucesso: quer abrir um negócio? Por quê?
Esse é um ponto-chave que o potencial empreendedor precisa avaliar com muita lucidez. Não saber, tentar a sorte, não querer cumprir horário ou ter chefe, ter mais liberdade, considerar como única alternativa mediante o desemprego são todas respostas possíveis para o fracasso.
Abrir um negócio requer planejamento e dedicação. É preciso avaliar o mercado, a concorrência, identificar oportunidades, conhecer a área de atuação para aumentar as chances de sobrevivência. Os adjetivos pessoais do empreendedor também não podem ser poucos. Ele terá que ser resiliente, persistente, dinâmico, engajado e muito, muito organizado com as finanças para garantir a sustentabilidade do negócio.
Ter o negócio próprio é desafiador e não há romantismo algum no dia a dia do empresário. Ele, não raras vezes, trabalha mais e tem mais preocupações do que o funcionário de uma empresa. Por isso, conhecendo a si mesmo, seus valores e competências, antes de assumir o risco, liste os porquês.